sábado, outubro 06, 2001

Quinta-feira foi um dia movimentado. Marquei de me encontrar com minha amiga Ângela na casa da tia dela, na Bela Cintra. Tínhamos tido montão de desencontros e eu precisava lhe entregar umas revistas e pagar por um trabalho que ela me fez. Deu um problema na tranferência que fiz pra conta dela e não queria me arriscar a outro erro. Antes disso, já estava quase certo que encontraria Julius naquela noite. Como ele viria à cidade, combinamos que ligaria pra ele por volta das 18h e ele me pegaria na região da Paulista.
A Ângela ficou muito nervosa ao ver a tia e constatar a falta de cuidados da parte da prima, que estava inclusive pintando a casa. O cheiro era forte. Ela a alertou, mas a prima disse que aquilo era uma terapia para ela, um jeito de se entreter, nem ligou pro detalhe do cheiro de tinta.
Quando deu 18h, tentei escapar. Liguei para Julius. Ele já estava de volta ao flat em Moema, me esperando. Falei pra Ângela que houve um imprevisto e precisava "ir buscar um CD". Não é que a mulher resolver ir comigo? Disse que estava à toa e me faria companhia. O trânsito estava horrível e demoramos um pouco. Quando nos aproximávamos, a alertei, dizendo que o cara poderia demorar, nos dar maior chá de cadeira, etc. E ela parecia não se mancar. Coitada, acho que estava carente e querendo conversar. Fiquei tentada a contar do meu encontro para ela. Mas não tinha nada a ver. Do jeito que ela é certinha, nunca entenderia esses meus "deslises". Sei disso, porque já ensaiei a fazer umas revelações, no auge da minha empolgação com o Carioca.E só de pensar na possibilidade, ela me olhou com uma cara muito feia. Depois, teve uma vez que ela invocou comigo porque andava falando demais com o marido dela. Ela é muito legal, superamiga, mas.. Pensamos diferentes sobre "relacionamentos".
No trajeto, pensei em mil coisas. Podia fingir que o celular tocou e precisaria mudar de rumo. Me ofereci para deixá-la no metrô, mas ela respondeu que tanto fazia, que lá da rua para onde eu estava indo ela pegaria outro táxi pra casa dela. Pensei na possibilidade de Julius estar me esperando lá embaixo (é raro, mas às vezes ele faz isso). E se ela resolvesse ir até a portaria comigo? (geralmente, eles já estão avisados na portaria e me mandam subir).
Fui salva pelo gongo. Enquanto acertava as contas, o taxista, para esticar a corrida, sugeriu levá-la até a av. Ibirapuera. Comentou que a rua estava deserta e não era recomendável ficar zanzando por ali. Na mesma hora, não deixei fechar a conta, dei o dinheiro pra ela e falei: "isso mesmo, vai ficar mais barato, você só paga a diferença! Ufa!
Estava tão nervosa que acho que não entendi bem o endereço e fui parar no flat errado, onde ele costumava se hospedar há uns 3 meses. Quando cheguei e falei o número e o nome do apartamento, o porteiro riu e disse: "Sr Júlio César? Fica agora no prédio ao lado".
Corri pra outra portaria, toda atrapalhada e envergonhada. A garota da recepção me recebeu toda gentil, com cara de velha conhecida. Fiquei com aquela sensação de que ela "sabe de tudo".
A subida, de 15 andares, pareceu mais demorada do que o habitual. Fui pro lado errado do corredor e nem consegui cumprimenta-lo direito quando abriu a porta. Estava péssima, suada, horrorosa. Beijinho formal e pedi pra tomar banho. E ele: "depois tomamos banho juntos". Estava com cara de quem saiu do banho, cheirando sabonete, de bermuda e camiseta. Cara de menino. Cabelo recém-cortado. Alguns quilos a menos. Eu me sentia pegajosa e fedida. Mas.. que nada! Fomos direto pra cama. Pensei: "logo fazemos pausa pro chuveiro". Só paramos duas horas depois.

Acho que o constrangimento foi de bobeira. Vejam só...

"O teu cheiro me enleva,
transporta-me a distancias
e tempos que preservo
com prazer na memória sensitiva..

O teu gosto me conserva,
como o doce da infância,
em extase repetido e inesgotável
que o teu sorriso potencializa...

Olho teus olhos e me vejo
espelho, luz, excitação..
Olho teu corpo e estremeço...
lindo, nu, arrepiante..

Ouço teus gemidos que me presenteias
com a certeza do teu gozo iminente..
sente em tua boca meu sexo ardente..
sinto em meu peito teu coração premente
de amor, suave, sereno e permanente..."

Ufa.. Até que enfim, uma boa noitada, depois de mais de um mês tentando e dando zebra. Deu ainda tempo para irmos ao restaurante japonês, na Liberdade e passearmos um pouco. A noite estava uma delícia, a temperatura ótima, as ruas muito movimentadas às 23h.

quarta-feira, outubro 03, 2001

Volto a escrever online. Se eu pensar muito, fico mais um dia sem postar. Dizendo o óbvio: a informática pode ser uma maravilha, mas quando algo dá errado e a gente depende dos computadores, tudo vira um inferno. Foi o que me aconteceu no último final de semana. Perdi o registro do Windows e danou tudo. Pensei que uma reinstalação do sistema resolveria.
Que nada! E na sequência, achei uma criação de vírus. Tava tudo embutido nos e-mails do Outlook. Eram coisas recentes que não abri, por pura falta de saco para ler. Algumas propagandas e aquelas gracinhas em pps. Ainda bem que nunca passo adiante os pps.Só nos raros dias de muito desânimo leio aquelas coisas.

Na minha fase inicial de Internet, como a maioria, fiquei encantada quando comecei a receber textos com esses efeitos... Aliás, foi um desses cartões que detonou minha primeira grande paixão. No meio dum chat recebi um cartão do site Paubrasil escrito "eu te amo" em letras de grafiteiro. E aquilo foi a centelha que faltava. Ahhh... comento hoje com nostalgia. Mas foi bom sim. Manteve-me motivada numa fase macabra de minha vida.

Vou voltar à arrumação do computador e retomar o trabalho.