terça-feira, julho 30, 2002

Tantas pessoas com quem deixei de me comunicar nas últimas semanas.

E que saudades do Fábio! Tomara que ele vá até o escritório e receba este e-mail que enviei para ele:

"Não repare que hoje vou escrevo aos borbotões, sem pausa para respirar, imitando Saramago. De repente é bom de ler, seguindo o meu ritmo alucinante de falar, quase perdendo o fôlego. Nos últimos dias, redescobri o quanto adoro escrever e como é gratificante conseguir me expressar. Desde o dia 12 estive às voltas com minha amiga de infância, que veio de N. Jersey com o marido. Semana passada, fui visitar os pais dela, em minha cidade Eles ainda moram a duas quadras da casa onde passei minha adolescência. É uma família muito alegre de italianos. São 9 filhos, sendo 6 mulheres e 3 homens. Eles são católicos atuantes e praticantes, a ponto de se chamarem: Lurdes, Isabel, Maria Amália, Fátima, Ângela, Bernadete, João, Paulo e Francisco. Gostaram muito das revistas de novenas que eu levei. O pai da Ângela tem 87 anos e custou a se lembrar de mim. Sr. Ítalo Schievenin criou os filhos transportando carvão para as caldeiras de Santos. Hoje Paulinho, o caçula, é quem toca o negócio. Quase não reconheci o rapaz, de tão preto que estava (parece piada, né?). Gostei muito de rever o marido da Fátima, o "MiniZé" (nunca soube o nome dele), que continua míni, está muito envelhecido (bebe pra caramba) e é alto executivo da Rede, do qual faz parte a Cia. Elétrica. Diz ele que esteve em Tocantins (antes da criação do estado) para tratar das privatizaçoes, e comentou que esse estado foi o primeiro a privatizar (80 e 20%). Também por conta de distribuição de energia, ele passou temporadas em Belém e Amapá. Nunca pensei que a Companhia, da minha cidade, tivesse atuação tão multiestadual. Contei ao MiniZé que tinha conhecido, pela Internet, um amigo de atuação muito importante em Jageado e agora está às voltas com Peixe. Se ele for pra esse lado, pode crer que vai tentar localizar você, Fábio. Bernadete, a caçula das mulheres, tem um filhinho de oito anos. Um problema grave e raro: amaurose congênita de leber. É uma doença genética do qual nunca ouvira falar. O menino é cego e os rins dele não funcionam. Faz hemodiálise em casa, durante dez horas diárias, mais uma diálise manual. E freqüenta escola comum, fazendo lições no computador, com a ajuda de uma impressora braille. Curioso como toda criança, quando soube que tinha visitas em casa, Lucas disse que queria me “ver”. O pai dele (a quem conheço desde que tinha uns oito anos) me falou que ele queria passar a mão no meu rosto. Ele nunca havia “visto” uma japonesa. Eu me abaixei e expliquei a ele como eu sou diferente das pessoas com as quais está acostumado a conviver. Ele tateou meus olhos, nariz e cabelos. Ao terminar, riu muito e falou: “Nossa, como você é bonita!”. Segurei as lágrimas que inundaram meus olhos. No dia seguinte a esses acontecimentos, Lucas, que estava na fila de transplantes, foi chamado. Um menino de nove anos sofrera um acidente de cavalo, e a família havia doado os rins. Às 21 horas daquela noite, ele entrou na sala de pré-cirurgia e na manhã de sexta foi feito o transplante. Foram muitos vaivéns com minha amiga até o hospital da Unicamp. Dividimos emoções, discutimos a vida, as situações difíceis e os momentos de alegria que partilhamos apenas a distância, ao longo dos últimos 25 anos. Falamos de nossos casamentos (ela está no segundo), nossas frustrações, nossas expectativas. Falei também de você, dos amigos de Internet... De como é importante preservar os amigos verdadeiros e que a gente os conquista a maioria até certa etapa da vida. Na verdade, minha descrição dos acontecimentos para ela foi uma espécie de reflexão comigo mesma. Foi muito bom. Minha amiga seguiu no vôo para New York na noite de domingo. E eu voltei para casa para imprimir um conto para o tal concurso. Ao ler o regulamento com atenção, descubro que o concurso não é para apenas um conto e sim para um livro inteiro! Já que estava embalada, resolvi botar a mão na massa e formatei os guardados que consegui reunir sobre um único tema: “Internet: a nau dos desocupados”. Saíram quase 40 páginas, separadas em seis contos. Estou esperançosa. Ficarei muito feliz com o terceiro prêmio apenas. Recentemente, uma jornalista de São Paulo escreveu um livro sobre “Amor na Internet”. Segundo ela, a chance de um relacionamento virtual dar certo é tal qual a de acertar na megasena. Eu gostaria de ter escrito algo provando o contrário. Ou melhor, contar que, se isso é verdade, eu sou milionária, pois acertei pelo menos duas vezes neste jogo virtual. Posso ter sofrido um pouco com o meu primeiro "caso". Mas hoje paro para pensar e concluo que foi bom. Me fez redespertar para as emoções. Me fez criar coragem para prosseguir na busca. Com sua amizade, apoio e carinho, aprendi também a separar as coisas, ser menos egoísta, a viver mais intensamente.Consegui segurar meu casamento também. Há quase dois anos "Julius" continua sendo meu porto-seguro, meu paraíso. Entretanto, consigo aceitar que nem eu nem ele somos suficientes um para outro. Não vivo meus dias por conta dele. Porém, quando nos vemos, parece que me encho de energia para enfrentar o mundo. Essa maneira de encarar as coisas, devo muito a você, meu queridíssimo amigo. Ah.. se você não vier logo, a validade daquele creme vai vencer, viu? Aí... vou ter de comprar outro. Eh, eh, eh! "

segunda-feira, julho 29, 2002

Consegui!

Com cara-de-pau e muita coragem, decidi participar do concurso de contos da Fundação Cruz e Sousa, de Santa Catarina. Na tarde de hoje, coloquei o material no correio. Deu trabalho cumprir as formalidades: 6 exemplares encadernados em aspiral. Eu acho que tenho chances. Estou prometendo um jantar para todos amigos virtuais, a todos aqueles que me ajudaram a realizar a "obra". Me aguardem!

Ah.. Nesse volume, que considero minha primeira obra de "ficção", incluí apenas historinhas pitorescas. Como falei ao meu amigo Rui, ele e outras personagens - que considero mais importantes - ficaram para o segundo volume, cuja redação está em andamento. Qualquer hora começo a editar.

Ai, como eu sou boba... Do correio, nao resisti e liguei para Julius. Pena que só depois de amanhã poderei contar a ele pessoalmente de todos esses dias.

Tantas coisas que gostaria de ter contado a ele, dos últimos acontecimentos. Não conseguimos conversar. Meu celular pifou.