quinta-feira, janeiro 30, 2003

De Kiko Zambianski
Primeiros Erros

Meu caminho é cada manhã
Não procure saber onde vou
Meu destino não é de ninguém
Eu não deixo os meus passos no chão
Se você não entende não vê
Se não me vê não entende
Não procure saber onde estou
Se o meu jeito te surpreende
Se o meu corpo virasse sol
Minha mente virasse sol
Mas só chove e chove
Chove e chove
Se um dia eu pudesse ver
Meu passado inteiro
E fizesse parar de chover
Nos primeiros erros
Meu corpo viraria sol
Minha mente viraria sol
Mas só chove e chove
Chove e chove
Meu corpo viraria sol
Minha mente viraria sol
Mas só chove e chove
Chove e chove
Meu corpo viraria sol
Minha mente viraria sol
Mas só chove e chove
Chove e chove


Ele falou da música e completou:
"Dá vontade de saber onde está você..."

Vou dizer o quê?

Tô de coração apertado...

Em alguns anos, lamentamos a falta de chuva. Em outros, choramos pelas catástrofes provocadas por ela. Mas a natureza acaba se equilibrando. E o mundo se transforma. Assim como os costumes, o comportamento... Temos de nos adaptar e ser felizes. Eu estou tentando.

terça-feira, janeiro 28, 2003

Acho que nunca comentei aqui antes.

Minha amiga mais antiga mora no RJ e nos conhecemos quando ambas tínhamos 11 anos. Começamos juntas o "ginásio", aqui em São Paulo. Foi um dos anos mais marcantes de minha vida. Nos aproximamos porque éramos duas desgarradas neste mundo, ambas nisseis. Eu vim morar na casa da minha irmã, enquanto ela estava com os tios e a avó. Muitas voltas no mundo, centenas de cartas trocadas e raros encontros. Quando eu vim novamente para Sampa, ela foi morar definitivamente com a mãe, no Rio. Retomamos contato pessoal depois da faculdade pois ambas estudamos Comunicações. Ela, publicidade e eu, jornalismo. Havíamos nos casado com pessoas que igualmente trabalhavam no setor, na área artística. Eu tive uma filha e ela, com aquela convicção de que não se deve colocar mais um ser para sofrer neste mundo... Nossos casamentos desmoronaram enquanto retomamos contato pela internet. Nos aproximamos outra vez. Tivemos nossa primeira paixão da maturidade na mesma época e trocamos mil confidências, num clima adolescente. Comecei a escrever neste blog... Nossos romances naufragaram... choramos, sofremos. E eu não tive mais coragem de falar de meu novo amor. E ela, que inicialmente adorou o blog parece que não tem mais saco pra ler. Agora só trocamos farpas por e-mail. Pena! Não falamos mais a mesma língua! Olha só o que ela me escreveu:

"Da mesma forma como Barro Branco faz parte do contexto paulista, creio que a expressão "ficar de flozô" (ficar à toa, portanto correta a sua inferência de que a palavra seria sinônima de ociosidade) deve fazer parte do linguajar daqui."

E depois, nós paulistas é que somos tucanados? Que droga!

Ela tá de bronca desde que se empolgou pra conhecer meu amigo Eduardo...e ele saiu pela tangente. Disse que não gosta de "moça oferecida"... eheheheheh...

Bom.. Escrevi tudo isso pra conferir se ela não lê mesmo este blog!

No outro dia, escrevi que tinha mais dois leitores, além do blogueiro vestibulando e do catarinense de Tubarão. Aí, me lembrei de uma nova leitora que identifiquei como sendo de Pinheiros. Agora ela me escreveu retificando. Fui conferir o que eu postei... E não é que o post daquele dia sumiu? Mistério...

Enfim, havia dito que além dela, tem um professor da FEA e também um outro rapaz que conheci pela Internet.

Ontem postei um longo texto, do livro "As Pontes de Madison" . Embora no "safe mode" fique em itálico, quando vou pra web, fica tudo embaralhado.

Deletei o link da Anastácia... Tava dando maior nó.

Socoooorro, Luiz! Seja bonzinho e me passa as "colas", vai...

segunda-feira, janeiro 27, 2003

Essa caca que ficou o post anterior, nao vou mexer mais... Não descubro o que eu fiz de errado!

O casamento da sobrinha foi um sucesso. Fomos a família toda e ficamos numa pousada da Cemig, na beira da represa. Chegamos sexta à noite e comparecemos pontualmente à cerimônia religiosa, realizada às 11 horas.Estávamos todos muito curiosos em relação ao noivo. Além da família de meu irmão (pai da noiva), apenas minha filha conhecia o rapaz. E ela insistia em dizer que era igualzinho o "Nerso da Capitinga"... Bom... digamos que ela tinha razão. Só que o rapaz é muito mais mineiro e tem pelo menos 1,90m. Foi tudo muito informal e divertido, ao som de "A Bela e a Fera"(muito adequado, sem maldade...r srsrsr..) e "Como é grande o meu amor por você", cantada por um rapaz cego de voz fantástica.

Depois, uma típica festa mineira do interior, com feijao tropeiro, leitão, lingüiça, tutu e feijão amassado. Tinha também muitos doces da fazenda, aos quais resisti bravamente. Fiquei só com um pedaço de bolo. Minha mãe se esbaldou feito criança fazendo arte, aproveitando para fugir da vigilãncia que fazemos por causa da diabetes.

Dividi o quarto duas noites com minha mãe. Ela fará 87 anos em maio. Deu um aperto no coração ver que não acompanhei direito o transcorrer destes últimos anos, em que a idade começa a pesar bastante.

Sobre isso, sempre comento com minha querida amiga "Alice"... de como é difícil fazermos parte da geração que se aperta entre a velhice e a adolescência. Somos nós a resolver tudo: os conflitos dos filhos adolescentes (falo genericamente pois só tenho uma) e de nossos pais que se recusam a aceitar as limitações da idade. Mal sobra espaço para os nossos próprios conflitos.

Na volta, a primeira coisa que vi foi um e-mail de Julius, falando de "As pontes de Madison" :

Adorei este filme, emocionou-me muito e me fez refletir sobre tantos sentimentos que deixei passar e de tantas possibilidades que ficaram esquecidas...

E sobre o TEMPO:

"Às vezes parece que faz tanto tempo que estou longe de você...
Às vezes sinto que estou com você sempre ao meu lado.
Às vezes acho que isso não importa.
Importa o tempo em que a felicidade parece infinita."


Eu também vi esse filme... Assisti porque um dos primeiros grandes amigos virtuais que eu tive o mencionou. Foi aquele coronel misterioso de Brasília, o tal da "guerra eletrônica". Na primeira oportunidade, vi na tv. Depois, quando a fita foi vendida nas bancas, se não me engano pela "Caras", sugeri ao Carioca que visse... Ele disse que não achou no Rio... E agora, lá vem Julius me falar desse romance!

Vou colar aqui a carta deixada pela personagem principal aos seus filhos, para ser lida após a morte:

Queridos Filhos,
Ainda que me sinta bem, creio que é hora de por minhas coisas em ordem. Existe algo muito importante, que vocês devem saber.

Para mim é difícil escrever isto a meus próprios filhos, mas devo fazê-lo. Aqui há algo que é demasiadamente forte, demasiadamente belo, para que morra comigo.


Como já descobriram, se chamava Robert Kincaid. Era fotógrafo e esteve aqui em 1965, fotografando os pontes cobertos.Recordam como a cidade estava emocionada quando as fotos apareceram no National Geographic? Recordam também que por essa época comecei a receber a revista. Agora conhecem o motivo de meu repentino interesse. A propósito eu estava com ele( levando uma das mochilas com as câmaras), quando tomou a foto da ponte Cedar.

Entendem que amei ao pai de vocês de uma maneira tranqüila. Ele foi bom comigo e me deu vocês dois a quem amo muito. Não o esquecem. Mas Robert Kincaid foi muito diferente. A primeira vez que o vi foi quando me pediu orientação para chegar a ponte Roseman. Vocês e seu pai estavam na Feira Estadual de Illinois. Creia-me, eu não andava buscando nenhuma aventura. Isso era o último que ocupava minha mente. Mas ao mirá-lo soube que o desejava, ainda que não tanto como cheguei a desejá-lo depois.

Ele era um pouco tímido, e eu tive tanto que ver com o que passou como ele. A nota guardada junto com sua pulseira é a que eu preguei na ponte Roseman para que ele a vira, na manhã depois de conhecermos. As fotos minhas que ele conservava foram a única prova que ele teve, ao longo dos anos, de que eu existia, de que não era algum sonho que ele havia tido. Em nossa velha cozinha, Robert e eu passamos horas juntos. Falamos e dançamos a luz das velas. E, sim, fizemos amor ali e no dormitório e no jardim e em qualquer outro lugar que pensem. Era uma relação incrível, poderosa, transcendente, e continuou durante dias, quase sem parar. Sempre tenho empregado a palavra forte ao pensar nele. Porque assim era quando nos conhecemos. Era como uma flecha na sua intensidade. Filhos, compreendam que trato de expressar algo que não se pode dizer com palavras. Só desejo que algum dia os dois possam viver o que eu experimentei.
Se não fosse por seu pai e por vocês, eu teria ido a qualquer lugar com ele. Ele me pediu, me suplicou que o acompanhara. Mas eu não pude fazê-lo e ele era uma pessoa muito sensível e afetuosa para nunca interferir nas nossas vidas.

O paradoxo é que se não houvera sido por Robert, nào estou segura de ter podido permanecer na granja por todos esses anos. Em quatro dias me deu toda uma vida, um universo, e uniu em uma só as partes separadas de mim. Nunca tenho deixado de pensar nele, nem por um momento. ainda quando não se achava em minha mente consciente, o sentia em alguma parte, estava sempre ali.

Mas isso nunca diminuiu o que sentia por vocês dois e pelo seu pai. Ao pensar só em mim por um momento, não estou segura de ter tomado a decisão correta.Mas tendo em conta a família, creio com bastante certeza que sim.

Não quero que sintam culpa ou lástima por nós. Só quero que saibam o quanto amei a Robert Kincaid. Eu o senti dia após dia, durante todos estes anos, o mesmo que ele. ainda que nunca mais voltamos a nos falarmos, permanecemos unidos tão estreitamente como é possível que se unam duas pessoas. Não consigo encontrar as palavras para expressar-lo da forma adequada. Ele o fez melhor quando me disse que tínhamos deixado de ser dois seres separados, e , em troca, nos tínhamos convertidos em um terceiro, formado pelos dois. Nenhum de nós dois existia independentemente deste ser. E esse ser ficou sem rumo.
Não me envergonho do que Robert e eu vivemos juntos. Eu o amei com desesperação durante todos esses anos, ainda que ,por minhas próprias razões, somente uma só vez tratei de entrar em contato com ele. Foi depois da morte de seu pai. O intento fracassou e temi que houvesse acontecido algo, Assim nunca mais voltei a tentá-lo, por causa desse medo. Simplesmente não podia enfrentar essa realidade. De maneira que agora podem imaginar o que senti quando soube da sua morte.
Como disse, espero que compreendam e não pensem mal de mim. Se me amam, devem amar o que fiz. Robert Kincaid me mostrou como era ser mulher de um modo que poucas mulheres experimentaram. Era atraente e carinhoso, e por certo merece o respeito e talvez o amor de vocês. Espero que podem dar-lhe as duas coisas. a seu próprio modo, através de mim, ele foi bom com vocês.
Que sejam felizes, meus filhos.
Mamãe