terça-feira, dezembro 21, 2004

Faltam poucos dias para o Natal. (Até parece que o mundo todo não sabe disso!) Como sempre, é uma época muito difícil para mim. Até o final da semana, espero contar, aqui, uma historinha do Natal de 1978, o da grande guinada em minha vida. Pois é... Me aguardem!

No sábado, dia 18, fizemos a cerimônia b u dista dos 4 9 dias de minha mãe. Compareceu o "s o o k a n" do z e n - budismo e tudo transcorreu com maior pompa, em consideraçao aos 300 anos de tradiçao familiar, ao longo de 19 gerações. Tudo isso é da parte de meu pai. Como tudo que ocorre em socieades orientais (creio que não apenas japonesa), a esposa apenas acompanha o marido. Neste caso, minha mãe recebeu o grau máximo do "no me b ú d i c o" fazendo par com meu pai, que tem esse direito por herança, sendo ele o sucessor da família em linha direta.
Diante dessas circunstâncias, eu, que sou mulher, caçula e ainda por cima se casou com não-japonês, nao sou nada nessa estrutura. Apenas uma curiosa espectadora (com "s" mesmo) desses rituais.

Nesses 52 dias sem minha mãe, a ficha já caiu muitas vezes. E todos os dias, me apoio em vários alicerces para me escorar. Como disse hoje, por e-mail a Liam, nessas horas, procuro me concentrar numa máxima que minha mãe proferia sempre: "Dashita kotoba wa hirowarenai" ou seja: "Palavras lançadas não podem mais ser recolhidas". Martelando isso em minha mente e nas suas últimas recomendações (dadas 4 dias antes da partida) para que vivamos todos em harmonia, tenho fugido exaustivamente de todos os contatos que pareçam provocações ou motivo de raiva e/ou tristeza.

Meus olhos ardem. Coçam e ardem. Acho que eles precisavam ser lavados. Com lágrimas.