domingo, fevereiro 10, 2008

para dar sorte

A exemplo do que fiz há quatro anos, fica aqui um post de um futuro imaginário, talvez o meu post de número 8.000 neste blog.

Em seu discurso de posse, a nova diretora do curso de G e s tão de P olíticas Pú blicas, relembrou sua primeira ida ao campus da U s p leste, ainda um lugar desconhecido. Era o ano de 2008. Foi com dificuldade que ela chegou a aquele descampado em seu carrinho de segunda mão, ainda sonolenta do plantão noturno como aspirante-a-oficial.

No momento em que se torna a primeira m i litar a dirigir a faculdade, mencionou os preconceitos que enfrentou entre os colegas dos dois grupos: os estudantes da maior universidade do país e os seus colegas de c a s erna.

Com os olhos marejados de lágrimas, a capitão rememorou a luta vitoriosa pela recuperação da saúde de seu pai, convalescendo então de um avc gravíssimo que o deixou mais de um ano na cadeira de rodas. Foi justamente o exemplo dele, com a guinada que deu para voltar a andar que a estimulou a redobrar esforços nos estudos e no trabalho.

No agradecimento citou a mae, tios e primos, exemplos que a incentivaram nos momentos mais difíceis com a certeza de que vale a pena correr atrás das conquistas. Expressou também especial gratidão ao ma jor N e lson, que depois de reformado se dedicou à vida acadêmica, tornando-se conceituado filólogo e etimologista. Lembrou que foi graças à "força" dada por ele, com a apresentaçao de um aluno veterano que conseguiu sobreviver ao primeiro ano como recruta na academia militar.
A cerimônia foi concorrida devido à presença de seu primo, ministro da J u stiça e do tio, que veio de N. York, onde coordena o novo organismo da On u, encarregado da recuperacao dos detentos em todo o planeta.
A doutora, que acumulará a funçao com o subcomando da área central da capital, pretende conciliar o rigor militar com a liberdade de um ambiente humanista. Para isso, contará com o apoio do marido, figura igualmente polivalente, que divide as atividades de físi co e filó sofo, também na u s p.

Kell está certa!Muito bom voltar a escrever! Agora vou me especializar em sonhos premonitórios!

escrevi no carnaval

Não postei no dia pois achei muito triste...

Domingo de Carnaval. Estou trabalhando às 20h, como estive muitas vezes, como estaria também no ano passado, nao fosse o que aconteceu.
Então, neste momento, penso: "Que bom que posso trabalhar".
ão domingo de Carnaval do ano passado (que caiu no dia 18), estava aflita, aguardando naquele corredor assustador da Santa Casa por onde passava pela primeira vez em minha vida. Nos meses seguintes, me familiarizaria muito com aquele chao de cerâmica vermelha tão limpo e bem encerado, cercado por paredes antigas de tijolos a vista. Gatos passeando pelos corredores.

Chove lá fora e já lavei montanhas de roupas hoje. Toda vez que lavo roupas, me lembro muito de minha mãe. Especialmente num domingo. Quando ela esteve aqui em casa, lavando as fraldas da minha filha, comentava como era tudo muito fácil só pelo fato de ter água encanada e poder esquentar água em fogão a gás, bastando pra isso girar um botão.Também ficou toda invejosa do meu tanque de cerâmica branca. Ela dizia isso lembrando-se dos primeiros anos como imigrante, quando depois de doze horas no cafezal ainda tinha de tirar água do poço, puxando um balde com corda. Água para o banho de ofurô e para lavar a roupa, além de fazer comida e lavar a louça. Para aquecer a água, fogo a lenha. E quando chovia por muitos dias? Lenha molhada e muita fumaça...
São essas reminiscências que me enchem de coragem. Quando vou cuidar do P P, me lembro de minha avó... Passou uns cinco anos dependente, num tempo em que nem existiam fraldas descartáveis ou mesmo folhas de plástico pra forrar a cama... E minha mãe ainda costurava e lavava roupas de dez pessoas enquanto cuidava dela. Sem máquina de lavar, sem água encanada, sem energia elétrica, sem fogão a gás...
Então, eu penso: Nao posso chorar! Mas as lágrimas correm...

vencendo o a v c

Conversa de hoje, enquanto ajudava P P no banho:
"Nao fica aborrecido, esta situaçao é por pouco tempo, vc vai superar, logo vai estar fazendo essas coisas sozinho. Vc é um vitorioso. Sabia que vc venceu a luta mais difícil?"
Ele:
"Eu sei, eu venci a morte"
Eu:
"Entao... Agora, qualquer coisa que vc tiver de vencer, é fichinha"
Ele:
"E vc vai escrever sobre isso?"
"Sim... vou, ainda estou pensando num best seller"
"Vai ser na S e l e c o e s? E eu vou sair na quarta capa... Vou sair sem camisa?"
"Nao, vc vai sair bonitao, bem vestido e sem cadeira de rodas."
"Vencendo o A V C... Eu venci o A V C. Tem cara de artigo de Selecoes..."

Essa é uma mostra de mais um dia em que tenho de respirar fundo para vencer as lágrimas. Elas novamente jorraram, aos borbotoes.
Lembrei entao de que a primeira vez que enfrentei situaçao parecida foi quando minha mae operou o fêmur. Pela primeira vez ela se viu dependende de uma filha, precisando de ajuda para fazer cocô, tomar banho. Estava tao travada que nao conseguia evacuar. Ficou tudo empedrado. E também tinha vergonha de ir ao banho com ajuda da auxiliar de enfermagem. Depois de insistir muito, concordou que eu a levasse na cadeira de banho. ..
Hoje fiquei pensando em como tudo seria tao diferente se naquela ocasiao eu tivesse a vivência hospitalar e a destreza que tenho hoje. Digo, com toda certeza, que nao tem ninguém com a prática e agilidade que adquiri neste ano, em especial nos 8 meses como "c u idadora"... Dificil, muito dificil, mas compensador, sem dúvida.