segunda-feira, abril 21, 2008

vitória e ajuda

Mensagem que pedi para encaminhar para a amiga de uma amiga,cujo marido está em estado grave, aguardando transplante de pulmão.

Há muitos anos nossa grande amiga em comum, a Alice, me fala de vc. Sempre ressaltou a grande amizade que as une e também a sua inteligência e gênio fortes, características que, segundo ela, sao presentes em nós duas, até pelo fato de ambas sermos escorpianas. Outro ponto em comum em nós duas seria o nosso ceticismo, a descrença, o fato de sermos "atéias", coisa que eu já penso que nao sou mais. Eu me recordo de termos nos cumprimentado no enterro do pai dela... Vc usava um casaquinho multicolorido... Depois daquele dia, enfrentamos uma sucessão de momentos difíceis, tanto eu como ela.. e hoje eu sei que você também.

Neste momento, ... atrevo-me a lhe falar um pouco de minha experiência, na tentativa de ajudá-la de algum modo na recuperaçao de seu marido Milton.

Como vc já deve saber, eu vivi uma situaçao limite com meu marido... Foram 35 dis em coma, 60 na Uti e 4 meses e meio de hospitao. E uma das coisas que me confortou muito foi a apresentaçao de uma pessoa em situaçao semelhante a minha, feita por uma grande amiga, que mora no Rio de Janeiro. Lilian é minha amiga de infância e ela se lembrou que tinha uma colega dela cujo marido tb teve avc, 4 meses antes do meu. O relato de tudo que ela viveu me estimulou muito a seguir em frente.

Sei que problema do seu marido é outro, mas acho que a batalha é igual quando os médicos nos dizem que a situação é "grave". Imagino que vc, como mulher inteligente, faça até contas ds possibilidades ao escutar essa palavra. E eu já ouvi também as piores, que são "muito grave" e "gravíssimo", apontados pelos médicos como níveis em que as esperanças se aproximam de zero.

Sei também que nao é primeira vez que vc enfrenta tal situaçao pois já viveu experiências difíceis com seus pais. Foi também o meu caso, pois além dos meus pais, também perdi dois irmaos, ainda jovens. Um deles se matou e outro teve cãncer no estômago.
Minha mae morreu uma semana depois de fazer cirurgia no fêmur. Ainda hoje me culpo de muitas coisas. Mas agora mesmo uma amiga me disse "a gente nao pode se culpar por ter caído porque não aprendeu a andar". De fato, nas ocasiões anteriores, eu ainda nao sabia andar em relaçao a doenças. Agora, acho que dou bons passos, que aprendi a duras, duríssimas penas, neste um ano e dois meses em que estou cuidando do meu marido.

O que posso lhe dizer? Que na hora do desespero, decidi acreditar em Deus. Olhei pra cima, em volta.. Pedi ajuda a pessoas que tinham fé. Espíritas, evangélicos, católicos... aceitei a mão de quem me estendeu. Recorri a todos tratamentos. Aceitei orações de quem prenunciou "dom da cura", pessoas amigas ou voluntários desconhecidos. Confesso, sem nenhuma vergonha que só em tal situaçao aprendi a rezar. Não creio que tenha feito isso anteriormente, nem quando meus pais e ãorreram. Nas outras ocasioes, acho que rezei por rezar... mecanicamente, temerosamente.

Desta vez, pedi, implorei, rezei com fé. Desejei ardentemente que Deus exista de fato e que seja mesmo o ser onipresente, que tudo sabe e tudo pode. Pedi humildemente que me socorresse e me confortasse. Pedi, sobretudo, pela vida de meu marido, mesmo que eu, em toda minha descrença e vida de pecadora, nada mereça.

Também aprendi a ler a Bíblia e nela buscar conforto, respostas, tranquilidade.

Paralelamente, nao deixei de lutar com todas as armas, conversando, perguntando, insistindo com médicos... e enchendo Paulo de todas energias positivas que minhas forças possam permitir.

Amiga (permita-me chamá-la assim, pois assim te considero), hoje, considero-me praticamente vitoriosa pois embora meu marido ainda não ande, está longe do risco de vida, já consegue comer com próprias maos. Ainda batalho entre momentos de infinita gratidão e tendência a revolta, cansaço e desespero. Mas os momentos de esperança sao bem maiores.

O que digo pra vc neste momento?

Que respire fundo.. que encha sua barriga de ar.... esvazie completamente o peito. Faça isso dez, vinte, trinta vezes e feche os olhos por dez minutos sempre que a agonia tomar conta de você.
Nao tenha vergonha de abaixar a cabeça, se humilhar... não tenha vergonha de estar sempre presente, firme e esperançosa ao lado de seu marido. Não tenha vergonha de ser você sempre... mas se dê ao luxo de chorar e pedir ajuda. Entre em um templo, uma igreja qualquer, e se pergunte: "por que tantas pessoas vêm aqui? por que tanta gente se conforta neste lugar? Se é assim, senhor Meu Deus, me dê tal conforto também."

Então.. acredite... Seja lá de onde for, você se fortalecerá.. e conseguirá, do mesmo jeito que eu : vencer um dia depois do outro!