sábado, novembro 08, 2008

sustos

Tenho enfrentado situaçoes que jamais pensei que fosse capaz de encarar sem ter um treco. Minha maior situaçao-limite foi a morte da minha mãe, ocorrida praticamente nos meus braços. Sem poder fazer nada? Nao! Fazendo tudo que estava ao meu alcance. Respirando fundo e tentando. Literalmente.
Outro grande momento de resolver o impasse sozinha. Sozinha nao! - diriam alguns amigos meus - Eu e Deus.
15 de dezembro do ano passado, por volta de 19h, dia da formatura da minha filha, enquanto esperávamos anoitecer pra eu me preparar pro baile, P P teve uma convulsao. Naquele instante, imaginei feito manchete de jornal: "Ele aguentou até o dia da formatura da filha" E depois, a chamada: "Naquela mesma noite, passou mal e morreu, logo após o jantar..."
E durante uns 10 minutos, relutei em chamar o resgate ou até mesmo telefonar pra minha filha, que havia acabado de sair de carro. Quando vi que a crise nao passava e tampouco ele parava de respirar, liguei pro 1 9 3.
Do mesmo modo que no dia da minha mãe, precisei apelar pra pedir pronto atendimento. Aos borbotões falei até da formatura, ao livre, dia de Sol. O bombeiro comentou: "é verdade, hoje, dia 15 de dezembro..." Tivemos atendimento vip, com a presença do médico aqui. Enorme susto quando me botaram pra fora da viatura (um carro grandao com estrutura completa de socorro, nao os comuns) e o entubaram. Enquanto seguia atrás, de carro com a sobrinha médica, fui rezando e pensando: "acabou tudo..."
Depois disso, mais 2 sustinhos pequenos, em janeiro e fevereiro... e em junho, outro grande susto. Convulsao de 25 minutos. Novamente médico, equipe da Samu e dos bombeiros. Gente que nao cabia na sala aqui de casa. Explicaçoes técnicas. Entubaçao. E depois, na madrugada silenciosa, me permitiram entrar na emergência pra vê-lo, já tendo terminado eletrocardiograma. Bombeiros e médico aguardando lá fora. Alívio ao perceber que nao era devido a gravidade. Aguardavam apenas a "t e ne nte " dispensá-los. Ufa!
E ontem... Depois do jantar, quando voltei com a sobremesa, vejo-o piscando sem parar, como se fosse um tique nervoso. Tento conversar, pergunto o que está acontecendo. E ele: "nao sei..." Em seguida, virou os olhos, torceu a boca. Maior chuva lá fora. Respirei fundo. Rezei. Pedi para todos os santos, para minha mae, meu pai, meus irmaos falecidos, pra Ju, pra todo mundo. Falei: "Vai passar, vai passar, nao vai se engasgar, vai passar, vai passar, nao vamos pro hospital". Respirei fundo, virei a cabeça dele de lado, reclinei a poltrona ao máximo. Vi que mordeu a língua.. Sangue. Virei a cabeça, fiz com que o líquido escorresse. Olhei o relógio. Rosto muito vermelho. Pressao devia estar alta. Peguei o aparelho. Estava 16x11. Medi 40 gotas de dipirona. Um comprimido de hidantal, 50mg de captopril. Juntei tudo e injetei pela sonda gástrica. Mandei muita água, ajeitei o papagaio pra eventual xixi. Ufa! Passou. "Nao vamos ao hospital, nao vamos ao hospital". Nada de tubos, nada de pneumonia, nada de internaçao, nada de exames pra conferir que nada aconteceu.. Ufa! Chuvona lá fora. Passou. Dei água de um coco inteiro. Um copo de chá verde. "Nada de ligar pra filha na faculdade". Passou.

terça-feira, novembro 04, 2008

registrando mais um sonho.

Nao escrevi logo cedo, entao tudo se diluiu. Fiquei me concentrando pra que a parte boa do sonho nao se apagasse. Mas nao me lembro de quase nada... Mas consegui fixar na memória fotográfica a imagem do meu irmão falecido. (Tanta saudade que sinto dele...)
Estávamos em um hotel antigo, em algum lugar que me lembra cena do casamento da Dani, lá no interior de Minas. Foi a última viagem com a mamãe e a família ficou na colônia de férias da Cemig. A cena nao era aquela, o hotel tinha uma escadaria de madeira. Eu estava com mais alguém, dividindo quarto com um senhor acamado, em situaçao semelhante ao do P P.  De repente, a familia toda se agrupava lá fora. Apareceu meu irmao numero 5 (falecido há 7 anos) com o cabelo rente, dos tempos da quimioterapia. Só que ele estava gordinho, queimado de Sol, aparência muito saudável, sorridente. Quando o vi, logo pensei: "precisamos tirar fotografia". Mas eu nao tinha levado câmera. Perguntava a todos. Ninguém tinha. Meu irmao número 6 tinha uma antigona, das que levam filme. Aí eu pensei: "nem que ele tire e eu explique pra levar no fotógrafo pra escanear, nunca vou ver essa foto". Lembrei que o cara que dividiu o quarto com a gente tinha uma. Voltei lá pra pedir. Mas ele tava todo desgrenhado, nao conseguia se ajeitar na cama. Usava fraldas e estava todo sujo... Era cocô vermelho. E eu expliquei pra mulher dele, muito assustada, que aquilo nao era nada, era apenas de quem comeu beterraba.

Nao precisa ser Freud pra explicar as confusões de minha mente... 

Ontem a noite quase saí do sério nesta minha vida de "cuidadora". Depois da novelinha, resolvi assistir umas bobagens na entrevista da Gimenez com a mae de duas que fizeram filme pornô. Tanta bobagem, tanta gente pseudopuritana. A mãe com aquela cara de ex-puta cafetinando as crias. Tava interessante. Aí, de repente, uma cochilada e um barulho de água. Olho pro lado e... Nao é que meu "paciente" tá mijando na parede, que nem cachorro? Espanto total.


segunda-feira, novembro 03, 2008

38 anos depois...


Fiquei sabendo da existência da minha xará há uns 7 ou 8 anos, quando um amigo de internet veio de Cuiabá para participar de uma banca de doutorado na USP. Ao voltar pra lá, me disse que havia telefonado mas nao me achou. E eu: "como? nunca lhe dei meu telefone" E ele: "achei na lista" E eu: "nem tenho telefone em meu nome..." E ele: "tem sim, olha lá.." Fui conferir e, para meu espanto, havia uma pessoa com mesmo nome que eu, prenome e sobrenome. Diferença de duas sílabas no nome do meio, morava aqui em SP. Imediatamente liguei pra lá. Era uma marcenaria e a pessoa que atendeu disse-me que a quase homônima era esposa dele. Pedi pra xará me ligar e ela fez isso. Meio desconfiada e lacônica, contou que é 5 anos mais jovem do que eu e tem tb uma irmã com nome em japonês igual ao meu. Ou seja, são duas xarás na mesma família. São nascidas em Araçatuba. Fiquei encafifada pois tenho parentes que moraram muitos anos por lá. Isso ocorreu por volta do ano 2000, pois foi antes de eu criar este blog.
Na comunidade das Xarás, no Orkut, contei parte dessa história e não é que este ano, a própria me localizou e adicionou?

Só que ela tem mais um sobrenome acrescentado. Um sobrenome japonês do marido dela Quando a contatei pelo MSN, perguntei por perguntar "é parente de Fulano?"
E ela: "é primo de meu marido!"
Minha nossa! Ela, a minha xará, quase homõnima é casada com o meu "ficante" dos 13 anos, o moço que larguei no baile quando minha carruagem virou abóbora!

O que mais temos em comum é que vi a foto dela, pelo msn, e é incrivelmente parecida comigo! Só o cabelo dela é um pouco mais claro.. castanho avermelhado, isto pq ela pinta. Mas mesmo tipo de rosto, até os gestos.. Estranho, ne?



como acabou a história?

Depois de oito meses de cartas que foram e cartas que vieram, finalmente um novo encontro! E ele foi ao sonhado baile. Musiquinha lenta, dançando de rostos colados. Barba dele no rosto dela... Corpos juntíssimos, agarradinhos. Dia da fuga com a melhor amiga e a família dela. Dia da vergonha, da falta de coragem. De repente, um toque nas costas! Chegou a hora da carruagem virar abóbora. O trato dos meus 13 anos. 02h30: hora dos portões serem abertos pro povão adentrar ao salão, hora das mocinhas de família irem pra casa! O irmao mais velho convocou um parente. Em silêncio, lá foi ela, amuada, coraçao aos pulos, tempo apenas de combinar com o galã de se encontrarem dia seguinte na praça da Matriz. Dia seguinte: 15 de agosto, dia de N.S. do Perpétuo Socorro. Dia da Festa das Bonecas na vizinha cidade, dia de sufocar os sentimentos, de desistir de ser adulta. Definitivamente nao tinha coragem de assumir um namoro, de falar com os pais, de estabelecer horários, de dar explicaçoes. Era muita coisa para os 13 anos. Melhor ser criança mais um pouco. Ver a coroaçao da Boneca Rainha na Festa de Socorro.


A história continua... 38 anos depois! Aguardem!