sábado, maio 07, 2011

Dia das Mães



Fiquei a semana toda entre lágrimas contidas e choros escancarados. Uns poucos 
sorrisos aliviados.  No momento, sinto-me um tanto envergonhada ao me lembrar de situações realmente difíceis. Me vem à mente uma sábia frase de meu marido, que repito em várias situações que se apresentam estressantes para mim, quando observo as pessoas reclamarem de coisas pequenas, minúsculas: "Você está falando de goteira para Noé!"

Mas, ao mesmo tempo,  me fortaleço com exemplos de força e capacidade para novas motivações.
Entre elas, na blogsfera,  destaco...

Odele, de
Glória, de
Carolina, de
Rachel, de

Sempre que vem o Dia das Mães, acredito que somos tocadas pelas lembranças dessa data com as mães que não temos mais. Estejam elas aqui ou não. 
Com mães que pudemos ser antes.
Continuamos mães, porém de outro jeito...
Falo de mães que abdicam do almoço tradicional...
Vem a saudade daquela outra mãe que fomos. Da mãe que tivemos...

Cresci em um sítio, no meio do mato, estrada de terra, escola rural, onde as aulas dos três primeiros anos da então escola elementar eram dadas numa única sala. Minha escola se chamava Escola Mista Elementar do Bairro do Lima Rico. Nessa escola, aos 7 anos, soube que existia um dia dedicado à mãe. 
A professora pediu que levássemos um sabonete e contribuíssemos com uns trocados para que o enfeitássemos com uma decalcomania sobre a superfície raspada com gilete. Em cima de um sabonete Gessy (era essa a marca que reinava soberana em nossa casa) cor-de- rosa foi colada a estampa de rosas vermelhas. E a professora nos ajudou a melhorar a aparência com uma camada de esmalte transparente. Aquele foi meu primeiro presente de Dia das Mães. Não sei se foi o primeiro de minha mãe. Talvez. Apesar de eu ser a caçula temporã de sete irmãos.  Naquele ano de 1965, um pouco depois da "Revolução", muitas coisas diferentes começavam a pipocar em nosso cotidiano... 
Em 1966, já frequentando o Grupo Escolar, na cidade, e com direito a uns trocados a mais, me lembro que comprei uma garrafa de plástico rosa para guardar água na geladeira. Isto porque tínhamos em casa uma novidade: geladeira movida a querosene. Ainda eram poucos os utensílios de plástico em nossa casa, por isso aquela garrafa ganhou destaque. Minha memória fotográfica ainda retém imagens bem nítidas. Ao lado dos vestidos de algodão xadrez que minha mãe costumava usar. Eram tubinhos simples, sempre do mesmo modelo, costurado por ela. Tinha uns 3 botões e abertura até a altura da cintura. As roupas dela eram sempre ajustadas por um avental, confeccionado de panos de saco alvejados.  Eram de sacos onde vinham adubos usados na lavoura.


E me lembro agora de meu último presente de Dia das Mães: um colete longo, de cor cinza, que tricotei para ela. Mesmo sendo eu hábil tricoteira (modéstia à parte), fiz poucas coisas para mamãe. No último ano que ela passou conosco, percebi que observava invejosa uma peça que preparava para minha filha... Mandei o colete pelo correio, com uma semana de atraso. E ela nem chegou a usar. O frio foi ameno, ela guardou para ocasião especial que não deu tempo de esperar pois mamãe foi embora antes do outro inverno...

Neste momento, quero crer que minhas lembranças possam se misturar às dela, assim como nossos sonhos... e os sonhos de muitas mães com seus filhos. Estejam nossos pensamentos e corpos no mesmo plano... ou não!

Então, ao pensar em Odele,  imagino-a viajando pelo mundo dos sonhos com Flavia, onde se encontram sorridentes e se abraçam também. 

Imagino minha mãe e tantas mães que reencontram os filhos em outros planos, mesmo que de sonhos, conversando e nos observando com aquele olhar bondoso, orgulhoso e condescedente que só as mães que a tudo superaram conseguem ter!

E assim, neste momento, também supero minhas dores, alicerçando-me em uma das máximas de minha mãe; "Ue nimo shita nimo kiri ga nai" (Não há limites para cima ou para baixo).

Para o post de hoje, escolhi a cor violeta, uma singela homenagem à cor preferida de minha mãe e também de minha filha.

2 comentários:

Sbrasil disse...

Lindo. Tocante. :-)

Carolina Coelho Varella disse...

Que texto lindo! Fiquei muito emocionada! Vi seu recado no blog agora e vim correndo ler e agradecer as palavras. Mas fiquei encantada com a ternura de suas palavras! Um grande abraço e feliz dia das mães!
Meu e-mail é carcoe@gmail.com

Postar um comentário