domingo, abril 29, 2012


ENCONTRO MARCADO

Chuva, frio e contratempos no trânsito devido a interdição de ruas da zona Norte por causa da fórmula Indy de hoje. Eram 19h30, qdo Nilton me ligou dizendo que estava atrasado e pegaria o metrô pra chegar até aqui. Então, o recomendei ir direto para praça Marechal Deodoro. Tínhamos nos comunicado por volta de 17h45 quando combinamos de seguirmos juntos. Isto porque, de repente, comecei a ficar nervosa com a ideia de, finalmente, conhecer  E d s o n  ao vivo. Não sei se alguma vez cheguei a pensar nessa possibilidade em 1970 quando fizemos nosso primeiro contato. Foi por carta, através da revista M e l o d i a s. Fiquei imaginando se nos reconheceríamos, se ele contou nossa história pra família dele, qual seria a reação deles, etc. E como eu iria chegar lá sem uma muleta, sem o N i l t o n? Pedi pra ele me esperar na porta da F u n a r te. Saí de casa por volta de 20horas, prevendo que ele levaria uns 45 minutos pra fazer o trajeto de metrô, vindo de Santana, com baldeação na Sé pra pegar a linha laranja.
Com a mudança do clima, a sensação de que não tenho nem uma roupa adequada. Cato uma coisa, outra, e a impressão de que tudo cheira a coisa guardada. Não queria parecer relaxada, nem arrumada demais. Tá certo que nos vimos em fotos recentes, mas a realidade poderia ser um pouco diferente. Ainda descia a Barão de Campinas quando o celular tocou. N i l t o n já estava na porta da Funarte. Acelerei os passos, cumprimentei-o rapidamente e entramos.

Fomos recepcionados por um senhor muito simpático, gentilíssimo, que nos cumprimentou com aperto de mão. Depois, soube que era E d i lson C a l d e i r a, coordenador do evento, dirigente da A b a ç a í, que foi também mestre de cerimônias. Percorremos rapidamente o recinto, buscando por uma figura que se assemelhasse a Panis ou Cuti, outro amigo da turma. Maior parte dos convidados se concentrava no teatro onde ocorria um recital que antecedeu à cerimônia. Não sabíamos se ogrupo de Itapeva havia chegado. Mas N i lton havia falado por celular com C u t i, que fora jantar nas imediações. 

Logo encontramos o inconfundível C u t i e sua família. Ele é negro e seu semblante lembra Gilberto Gil, só que bem magro. A cabeleira tem um corte peculiar, que remete a outra personalidade ou talvez uma escultura ou talvez seja a uma das artes de P a n i s, que foi capa de um livro editado na Europa. Nos cumprimentamos rapidamente e C u ti logo seguiu em direçao ao teatro, lotado e cheio de gente em pé. Não sei se graças aos cabelos brancos, logo o cara estava sentado, juntamente com a esposa e a filha. Eu e Nilton o seguimos e ficamos em pé, nos fundos. Estiquei os olhos, percorri a plateia e identifiquei uma pessoa que deduzi, pela barba e óculos, que deveria ser Panis.

A cerimônia foi muito boa, com breve histórico do que é Mapa Cultural, seguido de uma aula fantástica sobre arte com o Professor Antonio S a n t o r o, da Escola de Belas Artes.
Ao término, Nilton me indicou onde estava nosso amigo. Para meu espanto, não era aquele que eu pensei que fosse. Saímos na frente e fomos apreciar a exposição. Antes, já havíamos identificado os trabalhos de Edson pois eu já tínhamos visto em seu blog.

Fiquei surpresa que Nil ton conhecia muitos detalhes sobre Bispo do R o s á r io, a quem o artista homenageou. Confesso que eu nada sabia a respeito. Mais fantástico foi saber de sua ligação com Nise da Silveira, psiquiatra pioneira, a quem eu conheci devido à Gatoterapia, e por quem retomei interesse esta semana, devido à peça teatral Senhora das Imagens, em cartaz agora em SP. Mundo pequeno. E sensacional esse contato com pessoas cujos interesses convergem tanto. Indicamos as obras de Edson a C u t i, que também estava informado sobre Bispo, incluindo os cuidados que seu acervo recebeu na França, depois de grande descaso aqui no Brasil. Contou que lavaram um de seus bordados de qualquer jeito, deixando encolher. Foi recuperado  por técnicos franceses.

Fomos ver a mostra de pinturas e fotos. Edson ficou alguns minutos conversando com Santoro. Logo Nilton reencontrou D a v i, o irmão mais novo de Edson, colega dele na Usp. Estava com uma das filhas, a quem Nil t o n conheceu na maternidade, há uns 30 anos. A moça é jornalista. Muito simpática, pegou a máquina do pai e nos fotografou. D a v i comentou: "Que incrível.. meu irmão me contou que vcs se conheceram crianças". Tentei disfarçar meu constrangimento. Demorou um pouco até Edson se aproximar de nós, com a esposa, irmã e mais uma sobrinha. Explicou nosso contato à maneira dele, de Professor: "ah, foi através do Facebook da época". Eu comentei com D a v i: "Uma pena que ele ainda não se lembrou de mim. E acho que não teria certeza, nao fosse a foto que ele encontrou entre os guardados. " Foto que eu enviei em 1973, com dedicatória, da praça de B r a g a n ç a". Aí, contei a Davi sobre umas coisas que sabia sobre a infância deles. Para meu próprio espanto, de repente, me lembrei até do endereço dele na época: rua D, L uiz de S o u s a, 63, em Itapeva. Tava ali a prova de que não inventei tudo... Nilton disse: "Isso dá um romance". Davi sugeriu escrevermos a seis mãos. Eu disse que não tenho coragem de interagir com Mestres em Literatura. 
Entre uma coisa e outra, descobri que o cara que pensei que fosse E d s on é outro irmão dele, o E m e r s o n. Mais sisudo, ficou na dele, com outro grupo. Não sei se é engenheiro ou economista pois falaram que trabalhou no I P T e na F i p e.
Comentei com a simpática esposa de Edson, parecida com  Liv Ullman: "ele é um acumulador!" Ela concordou e Edson acrescentou: "em recuperação".
Serviram um vinho branco delicioso. Eu e Davi tomamos todas. Nilton ficou só com suco. Edson bebeu moderadamente. C u t i, idem. Os canapés foram surpreendentemente bons, de ótima qualidade. Garçons excelentes, serviço impecável. Muita fartura. Increditável para um evento público, sem presença de autoridades. Aliás, a ausência dessas figuras.. Que falta de consideração! 

Por volta de 22h45, o pessoal bateu em retirada, rumo ao Bexiga. Eu e N i lt on não os acompanhamos.